Data Inclusão: 03/06/2005
Autor: Jornal do Commércio
Pequenos faturam ao entrar na cadeia da reciclagem; aporte mínimo é de R$ 50 mil
A conscientização ecológica, aliada à possibilidade de ganhos, fez o setor de reciclagem ganhar força no Brasil. Para uma fábrica que trabalhe apenas com a limpeza, preparação e prensa do material, o investimento inicial varia de R$ 50 mil a R$ 200 mil. Já uma recicladora que deixe o produto pronto para ser reutilizado pelas fábricas requer investimento mais vultoso, de cerca de R$ 400 mil. A diferença deve-se ao alto custo dos equipamentos. O faturamento depende do material e da cotação do mesmo, mas pode chegar a R$ 100 mil.
Os principais fornecedores são os centros de coleta seletiva, os ferros-velhos e os catadores, que vendem o material recolhido. O espaço pode ter 300 metros quadrados, sendo 80 metros quadrados reservados à estocagem. Para todos os tipos de material são necessários, pelo menos, uma prensa (valor médio de R$ 15,5 mil), uma balança (R$ 2,3 mil), elevadores de carga e carrinhos metálicos de tração humana (R$ 195, cada).
É importante adquirir um pequeno caminhão para a entrega dos prensados. Para cada tipo de material, existem máquinas específicas.
É o caso das garrafas de PET. Segundo Marco Murari, sócio da Reciclagem São Jorge, em Duque de Caxias, é interessante que haja um brunidor - espécie de peneira que elimina impurezas mais grossas -, uma esteira rolante, onde são retirados outros corpos estranhos, além de moinho, para triturar as garrafas, de um tanque, onde os flakes são separados das impurezas, e de uma secadora, usada na etapa final. Na empresa de Murari - com 1,2 mil metros quadrados e 18 funcionários - são produzidas de 200 a 300 toneladas de PET em flocos ao mês. A tonelada é vendida a R$ 1,3 mil.
O custo com a coleta seletiva, de acordo com o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), é de US$ 114 por tonelada. O preço que se paga pelo material reciclável varia em cada região. Dependendo do local, a diferença pode chegar a 100%.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o vidro incolor é comprado a R$ 0,06 o quilo. Já em Itabira, Minas Gerais, o valor é de R$ 0,22. Considerando a quantidade de um quilo, ainda na capital fluminense, as latas de aço são compradas a R$ 0,20, o papel branco a R$ 0,40, o PET a R$ 1,3 e o alumínio a R$ 3,8. O maior valor pago atualmente por 1 mil gramas de material reciclável é R$ 4,40 (alumínio), em São José dos Campos.
Proprietário da Sabião Comércio e Representação, de Belo Horizonte, Celso Marcílio Sabião atua em outro ramo - comercializa prensas, contêineres, trituradores de papel, balanças, carrinhos, entre outros equipamentos. Formado em engenharia mecânica, abriu o negócio há dez anos, acreditando no sucesso. De acordo com o empresário, grande parte dos clientes atua apenas até a preparação do material prensado. As recicladoras, por outro lado, precisam ser mais incrementadas.
- É necessário ter estrutura, já que uma granuladora tem capacidade para moer 600 quilos por hora. No caso do PET, como cada quilo equivale a 22 garrafas, a empresa recicladora tem que utilizar 13,2 mil garrafas por hora - explica Sabião, afirmando que a demanda pelos equipamentos para reciclagem é crescente em todos os pontos do Brasil, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo. "O negócio vêm ganhando força e, quando a economia cresce, aumenta também o consumo de embalagens. Com o tempo, haverá mais material para reciclar", espera.
Conforme explica Sabião, os grandes recicladores chegam a adquirir prensas de R$ 34,8 mil, trituradores de papel que podem custar R$ 4,8 mil ou mais, granuladores de plástico de R$ 200 mil, moinhos de R$ 35 mil a R$ 50 mil, lavadoras e secadoras na faixa dos R$ 20 mil. Isso sem falar nos caminhões, na preparação do galpão e na mão-de-obra. "O investimento pode alcançar os R$ 600 mil", enfatiza. Nesse caso, o material sai da recicladora pronto para ser vendido às grandes fábricas e transformado em embalagens novinhas em folha.
Avanço brasileiro no setor gera oportunidades
Dados do Cempre comprovam o cenário positivo. Segundo pesquisas realizadas pela entidade, 45% das embalagens de vidro, 89% das latas de alumínio, 35% do papel e 40% dos recipientes PET são reciclados no País anualmente. Os números colocam o Brasil como o maior reciclador da América Latina. Quando se fala em latas de alumínio, por exemplo, superam-se países industrializados como os Estados Unidos e a Inglaterra. Em 2003, os americanos recuperaram 55,4% do alumínio e Europa ficou na média de 41%, valores bem inferiores às percentagens brasileiras.
Serviço
Cempre, 0-xx-11-3889-7806
Sebrae, 0800-78-2020
Cibrapel Indústria de Papel e Embalagens, 0-xx-21-2632-2313
Reciclagem São Pedro, 0-xx-21-2642-8230
Reciclagem São Jorge, 0-xx-21-3774-1328
Sabião Comércio e Representação, 0-xx-3353-4189
Ideal é montar empresa em regiões fora da Capital
Para o consultor do Sebrae/RJ, Haroldo Caser, a reciclagem é negócio promissor e o ideal é procurar local mais afastado da Capital. Baixada Fluminense e Região Serrana são duas boas opções. Foi o que fez o empresário Sérgio Feo, que, em 1997, escolheu Teresópolis para montar a Reciclagem São Pedro. O empresário explica que o negócio se baseia na venda do material (prensado e limpo) às grandes indústrias. Além de comprar os itens, a empresa seleciona, separa e prensa. Com sete caminhões, oito prensas de papel e plástico e uma prensa de sucata, ele consegue entregar à Gerdau (siderúrgica) 180 toneladas de ferro ao mês. Além deste material, a São Pedro trabalha com papel, metais ferrosos e alumínio. "Ajudamos a empregar as pessoas. Existem cerca de 300 catadores envolvidos no processo", ratifica.
A Cibrapel, que recolhe, processa e transforma o papelão reciclado em caixas novas, abriu as portas em 1956, apenas com a fabricação do produto. A reciclagem, segundo o diretor, Beraldo Silva, só iniciou 19 anos mais tarde. A fábrica, localizada em Guapimirim , interior do Estado, utiliza 4 toneladas de papelão ao mês, dos quais 98% são transformados em caixas. Os principais fornecedores são grandes empresas da região. Com 16 mil metros quadrados e 250 funcionários, a Cibrapel fatura R$ 2 milhões mensais.
Para os pequenos, no entanto, o consultor Haroldo Caser diz ser melhor montar uma cooperativa para só depois tentar fornecer o material à indústria recicladora. Ele ressalta que há muita concorrência no ramo. "As cooperativas de catadores algumas vezes atuam até o processo de prensa", comenta.
Raio X
Galpão para preparação do material
Equipamentos necessários: duas prensas, duas balanças, elevadores de carga, carrinhos para transporte de material, um caminhão.
Produção: varia de acordo com o material, podendo chegar a 15 toneladas por dia útil
Investimento inicial: R$ 50 mil a R$ 200 mil (não inclui a área para a fábrica)
Faturamento médio mensal: se a empresa trabalhar com PET, papel e alumínio, pode chegar a faturar R$ 100 mil mensais
Margem de lucro: 20% sobre o faturamento bruto
Área: 250 metros quadrados
Funcionários: 6
Risco: médio. Embora a demanda seja crescente e a cultura da reciclagem esteja sendo cada vez mais difundida, a concorrência com as cooperativas e o alto valor do investimento atrapalham.
Recicladora de papel e papelão
Equipamentos necessários: um hidrapulper (espécide de liquidificador gigante), peneiras, duas prensas, dois caminhões
Produção: 120 toneladas por mês
Investimento inicial: R$ 400 mil (não inclui a área da fábrica)
Faturamento médio mensal: varia de acordo com a cotação, mas fica na faixa dos R$ 60 mil. No Rio, a preço de uma tonelada está entre R$ 250 e R$ 400
Margem de lucro: 20% sobre o faturamento bruto
Área: 200 metros quadrados
Funcionários: 7
Risco: alto,pois partir para um processo industrial, segundo Haroldo Caser, requer pesquisas aprofundadas, a compra de equipamentos caros e a contratação de mão-de-obra qualificada, o que eleva os custos.
Recicladora de PET
Equipamentos necessários: um brunidor, um moinho, um tanque de decantação, duas prensas, uma máquina de lavar, uma máquina de secar, dois caminhões
Produção: 100 toneladas por mês
Investimento inicial: R$ 100 mil (não inclui a área para a fábrica)
Faturamento médio mensal: varia de acordo com a cotação, mas fica na faixa dos R$ 130 mil. No Rio, a tonelada do PET em flocos é comprada a R$ 1,3 mil
Margem de lucro: 20% sobre o faturamento bruto
Área: 300 metros quadrados (sendo 80 metros quadrados para o estoque)
Funcionários: 10
Risco: alto, pois entrar em um processo industrial requer pesquisas aprofundadas, compra de equipamentos caros e contratação de mão-de-obra qualificada, o que eleva os custos.
Fonte: empresas e Haroldo Caser, do Sebrae/RJ.
Fonte: Jornal do Commércio
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